ATA DA SEXAGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 24.08.1998.
Aos vinte e quatro dias do mês de agosto do ano de
mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze
minutos foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli
Sell, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren,
Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann,
Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos
Garcia, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa,
José Valdir, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Reginaldo
Pujol. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e foram apregoadas as Atas das Qüinquagésima
Sétima, Qüinquagésima Oitava, Qüinquagésima Nona, Sexagésima e Sexagésima Primeira
Sessões Ordinárias e das Vigésima Quarta e Vigésima Quinta Sessões Solenes, que
deixaram de ser votadas face à inexistência de "quorum" deliberativo.
À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 03 Pedidos de
Providências; pelo Vereador Carlos Garcia, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador
Cláudio Sebenelo, 02 Pedidos de Providências e a Indicação nº 64/98 (Processo
nº 2515/98); pela Vereadora Clênia Maranhão, os Pedidos de Informação nºs 111 e
112/98 (Processos nºs 2513 e 2514/98, respectivamente); pelo Vereador Gilberto
Batista, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Nereu D’Ávila, o Pedido de Informações nº 113/98
(Processo nº 2525/98). Ainda, foi apregoado o Ofício nº 364/98, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, solicitando autorização legislativa para
ausentar-se do País do dia dois ao dia quatro de setembro do corrente, a fim de
participar da Reunião de Cúpula das Mercocidades, a ser realizada em Montevidéu,
Uruguai. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 05/98, do Senhor Luiz Eurico da
Silva Boeira, Presidente do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do
Sul - SINDICONTA; 2976 e 2977/98, da Senhora Iara Leite, do Gabinete da Casa
Civil do Estado/RS. A seguir, através de Questão de Ordem, o Vereador Lauro
Hagemann registrou o falecimento do Senhor Artur Bento Carneiro, radialista
também conhecido como Túlio Amaral. Também o Vereador Adeli Sell registrou,
através de Questão de Ordem, o falecimento do Senhor Nelson Sá, Vice-Presidente
do Partido dos Trabalhadores no Estado do Rio Grande do Sul. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 32/98,
discutido pela Vereadora Clênia Maranhão; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 14/98, discutido pelo Vereador João Carlos
Nedel, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 113/98, este discutido pelos
Vereadores João Dib, Adeli Sell e João Carlos Nedel, 115/98, este discutido
pelos Vereadores Clênia Maranhão e Clovis Ilgenfritz, 117/98, este discutido
pelo Vereador João Carlos Nedel, e 118/98, este discutido pelo Vereador João
Carlos Nedel; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 103/98, este
discutido pelo Vereador Adeli Sell, 106 e 114/98, este discutido pelo Vereador
Clovis Ilgenfritz, os Projetos de Lei do Executivo nº 22/98, este discutido
pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e João Carlos Nedel, 26 e 27/98. Na
oportunidade, o Senhor Presidente registrou o retorno do Vereador Pedro Américo
Leal, que se encontrava na Europa, em representação externa deste Legislativo.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia criticou a forma como é
organizado o trânsito na Cidade, relatando problemas nessa área observados nas
proximidades da Avenida Beira Rio. Ainda, lamentou declarações feitas pelo
Prefeito Municipal, em entrevista concedida ao Jornal francês “Le Mond
Diplomatique”, acerca do Orçamento Participativo em Porto Alegre. O Vereador
João Dib, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Fernando Záchia,
manifestou sua contrariedade com o teor da entrevista concedida à imprensa
internacional pelo Senhor Raul Pont, afirmando que a imagem da Câmara de
Vereadores deve ser respeitada e tecendo críticas ao número de viagens que vem
sendo realizadas pelo Senhor Prefeito Municipal. O Vereador Carlos Garcia
relatou visita feita ao Bairro Belém Velho e informou que a Escola Estadual de
1º Grau Doutor Pacheco Prates está sem abastecimento de água há seis dias,
solicitando providências do
Executivo Municipal para a solução do problema. Ainda, propugnou pela
implantação de linha de ônibus e de uma escola de segundo grau naquele Bairro.
A Vereadora Maria do Rosário defendeu a construção de uma pista de eventos em
Porto Alegre, afirmando que essa obra colaborará para melhorar o sistema de
trânsito da Cidade. Também, declarou que as manifestações feitas pelo Senhor
Prefeito Municipal à imprensa internacional, acerca do Orçamento Participativo,
expressam preocupação da comunidade frente às diversas formas de participação e
organização democrática existentes. Após, foi apregoado Requerimento da
Vereadora Tereza Franco, solicitando, nos termos do § 6º do artigo 218 do
Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Sônia Santos, no
dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o
Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão
de Saúde e Meio Ambiente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo,
mencionando os discursos dos Vereadores Fernando Záchia e Maria do Rosário,
criticou o teor da entrevista concedida pelo Senhor Prefeito Municipal ao
jornal francês “Le Mond Diplomatique”, onde são feitas considerações acerca da
relação de trabalho entre os Poderes Executivo e Legislativo Municipal. Na
ocasião, o Vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal solicitando que a
retirada de expressão do discurso do Vereador Cláudio Sebenelo, o qual foi
indeferido pelo Senhor Presidente, tendo em vista não ter ocorrido anuência do
Orador. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja prestou homenagem
ao ex-Presidente da República, Senhor Getúlio Vargas, face ao transcurso do
quadragésimo quarto aniversário da morte desse político, ressaltando a importância
do trabalho realizado pelo Senhor Getúlio Vargas em nosso País e analisando a
ideologia trabalhista que embasou a fundação do PTB. A seguir, constatada a
existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Renato
Guimarães, adendado pelo Vereador João Carlos Nedel, solicitando alteração na
ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na oportunidade, foi
apregoada a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, ao Projeto de
Resolução nº 32/98 (Processo nº 2647/98). Após, constatada a existência de
“quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Ainda, o Senhor Presidente registrou que
será encaminhado ao Memorial deste Legislativo exemplar do livro "Pavilhão
do Conhecimento dos Mares - Catálogo Oficial da Exposição Mundial de Lisboa de
1998", recebido pelo Vereador Pedro Américo Leal quando de sua visita à
Universidade Fernando Pessoa, em Portugal, tendo o Vereador Pedro Américo Leal
manifestado-se acerca do assunto. Foram aprovados os Requerimentos de nºs
143/98 (Processo nº 1783/98 - realização de Sessão Solene para homenagear a
passagem dos trinta e cinco anos dos Jogos Universitários Mundiais -
Universíade), de autoria do Vereador Décio Schauren; 170/98 (Processo nº
2240/98 - Grande Expediente destinado a homenagear o Departamento de Esgotos
Pluviais - DEP), de autoria do Vereador Gerson Almeida; 147/98 (Processo nº
1838/98 - realização de Sessão Solene destinada a homenagear o transcurso do
centésimo sexagésimo primeiro aniversário da Brigada Militar do Estado do Rio
Grande do Sul), de autoria da Mesa Diretora. Em Discussão Geral e Votação,
foram aprovados o Projeto de Lei do Executivo nº 24/98 e os Projetos de
Resolução nºs 17 e 23/98. Em Discussão Geral e Votação Nominal, estiveram o
Projeto de Lei do Legislativo nº 31/98 e o Projeto de Resolução nº 11/98, que
tiveram suas votações adiadas por uma Sessão, a Requerimentos, aprovados, de
autoria dos Vereadores Paulo Brum e Reginaldo Pujol, respectivamente. Em
Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo
nº 11/97, que teve sua discussão adiada por uma Sessão, a Requerimento
aprovado, de autoria da Vereadora Maria do Rosário. A seguir, foram apregoados
Requerimentos dos Vereadores João Motta e José Valdir, solicitando Licenças
para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossados na vereança os Suplentes Cyro Martini, em substituição ao Vereador
João Motta, e Maristela Maffei, em substituição ao Vereador José Valdir,
informando que Suas Excelências integrarão, respectivamente, as Comissões de
Constituição e Justiça e de Educação, Cultura e Esportes. Em Discussão Geral e
Votação, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 12/97,
discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Jocelin Azambuja, Nereu D’Ávila,
Pedro Américo Leal, Cyro Martini, Lauro Hagemann, Cláudio Sebenelo e João
Carlos Nedel, tendo os Vereadores Cláudio Sebenelo e Antônio Hohlfeldt cedido
seus tempos de discussão aos Vereadores Reginaldo Pujol e Cláudio Sebenelo,
respectivamente, e os Vereadores Maristela Maffei e Pedro Ruas cedido seus
tempos de discussão ao Vereador Cyro Martini. Na oportunidade, a Vereadora
Maria do Rosário formulou Requerimento verbal solicitando o adiamento da discussão
do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 12/97, tendo o Senhor
Presidente informado que, face a adiamentos anteriores, tal Projeto só poderia
ter adiada sua votação. Após, foi votado Requerimento do Vereador Elói Guimarães,
solicitando o adiamento, por uma Sessão, da votação do Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 12/97, tendo este Requerimento recebido cinco
votos SIM e cinco votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Juarez
Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Carlos Garcia, Henrique Fontana, Juarez
Pinheiro, Tereza Franco e Maristela Maffei e votado Não os Vereadores Adeli
Sell, João Carlos Nedel, João Dib, Pedro Américo Leal e Cyro Martini, votação
esta considerada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de
"quorum" deliberativo. Às dezessete horas e dez minutos, constatada a
inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores
Juarez Pinheiro e Adeli Sell, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Juarez
Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann
O SR. LAURO HAGEMANN (Questão de Ordem): Comunico aos integrantes desta Casa o
desaparecimento de um radialista que deixa o nome e rastro nesta Cidade. Foi
enterrado ontem o Sr. Artur Bento Carneiro, mais conhecido como Túlio Amaral. O
radialista Túlio faleceu aos 82 anos, deixando três filhos. Foi o único que,
tenho consciência, que teve durante vários anos uma escola de locução nesta
Cidade, coisa que nunca foi comum neste País. O Túlio Amaral teve uma escola de
locução e de preparação de radioatores, localizada perto da Av. André da Rocha.
Peço que esta Casa mande para a família a notícia de que nós registramos, como
concidadãos do Túlio Amaral, o desaparecimento desse artista, radialista, uma
criatura que ajudou a engrandecer o espectro radiofônico de Porto Alegre e do
Rio Grande do Sul.
O SR. PRESIDENTE: É oportuna a manifestação de V. Exa.,
porque o Túlio Amaral representou muito para o mundo do rádio, para aquelas
pessoas que queriam falar em microfone, queriam ser locutores, e tinham, no
Túlio, uma possibilidade, um canal para chegar às emissoras de rádio.
O SR. LAURO HAGEMANN: V. Exa., como Presidente da Casa,
engrandece o meu modesto pronunciamento com a ampliação para toda a Casa.
O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, comunico o trágico
falecimento do nosso companheiro, ex-Vice-Presidente do PT Estadual, Nelson Sá,
de Novo Hamburgo, falecido no último sábado.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC.
2467/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/98, de autoria da Mesa Diretora, que autoriza o Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre a assinar Termo de Cooperação Técnica com a
Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Superdotado no Rio Grande do Sul
(FADERS), com vistas a possibilitar a realização de estágio a aprendizes de
organismos ligados a esta, portadores de deficiência mental, física, visual e auditiva,
e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC.
2335/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 014/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães,
que altera o art. 31 da Lei Complementar nº 234, de 10 de outubro de 1990
(Código de Limpeza Urbana) e dá outras providências.
PROC.
2392/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 113/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt,
que dispõe sobre o serviço de transporte individual de passageiros (táxi) e dá
outras providências.
PROC.
2402/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/98, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao ator e diretor Paulo
José Gomes de Souza.
PROC.
2432/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 117/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Mário Silveira da Conceição um logradouro público localizado
no Bairro Farrapos.
PROC.
2433/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 118/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua José Gonçalves um logradouro irregular localizado no Bairro
Partenon.
3ª SESSÃO
PROC.
2152/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 103/98, de autoria da Vera Anamaria
Negroni, que cria, no Município de Porto Alegre, o Ponto Fixo de Apoio no
serviço de transporte individual de passageiros (táxi).
PROC.
2221/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 022/98, que modifica o art. 71 da Lei nº 6309,
de 28 de dezembro de 1988, alterado pela Lei nº 6616, de 13 de junho de 1990,
que assegura gratificação de 110% aos funcionários com exercício em regime de
plantão no Hospital de Pronto Socorro, e dá outras providências.
PROC.
2282/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 106/98, de autoria do Ver. Antonio
Hohlfeldt, que denomina Av. Nestor
Valdman um logradouro público localizado no Bairro Jardim Itu-Sabará.
PROC.
2399/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 114/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
institui, no âmbito municipal, o Dia da Comunidade Luso-Brasileira e dá outras
providências.
PROC.
2436/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/98, que cria Funções Gratificadas junto à
Administração Centralizada e ao Magistério Público Municipal e dá outras
providências.
PROC. 2448/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/98, que autoriza a permuta de próprios municipais, situados na Rua Tomás Flores nº 172 e na Avenida Azenha nº 1645, pelo imóvel de propriedade de Reserva Construções e Empreendimentos Ltda., situados na Av. Prof. Oscar Pereira, nº 245 e nº 249, com pagamento de diferença em espécie e índices construtivos.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Poderia
parecer que esta é a melhor Câmara do mundo, já que faz tantas leis, que
realmente chega a impressionar. Mas sempre se diz que quantidade não significa
qualidade. Já se dizia, antes de Cristo, que a lei inócua prejudica a boa lei,
ou até mais, que os países mais corruptos tinham um maior número de leis. Como,
hoje, temos várias leis tratando de táxi, vou me situar no Projeto de Lei da
Vera. Anamaria Negroni, que cria no Município de Porto Alegre o ponto fixo de
apoio no serviço de transporte individual de passageiros. Esse ponto já existe
informalmente. Vários setores da Cidade, várias esquinas da nossa Cidade têm
esse tipo de concentração de veículos, que são chamados pelas empresas de táxi,
quando os munícipes desejam utilizar esse serviço, que é importante na vida da
nossa Cidade. Mas como a gente faz muita lei, de repente complica tudo. Em
matéria de transporte público, eu não sei quantas leis existem em Porto Alegre.
Mas deve andar em torno de uma centena, ou mais, porque todos os dias está-se
fazendo uma nova lei. O que precisaria, e já houve Vereadores tentando isso,
era a consolidação das leis que existem para, com simplicidade, poder ser
manuseada. Hoje é muito difícil.
Existem
muitas leis e, aqui, a Vera. Anamaria Negroni está propondo, no parágrafo
primeiro do seu Projeto, um ponto fixo de apoio que será de uso preferencial
dos taxistas filiados à Radiotáxi. O que é a Radiotáxi, seria uma empresa? Acho
que está mal redigida essa expressão. No mínimo, o Projeto deveria ser mais
claro e preciso. O Projeto diz que o ponto fixo de apoio será devidamente
sinalizado pela Secretaria Municipal de Transportes. Hoje está funcionando sem
sinalização e bem, mas, de qualquer forma, a preocupação é válida. Porém, seria
mais importante consolidar o que existe em termos de legislação e colocar o que
precisa ser colocado dentro dessa consolidação. A lei dos táxis, que vige até
hoje em Porto Alegre, é de 1971, mas foram feitas tantas alterações, que duvido
que alguém conheça todas as leis a respeito do táxi da Cidade de Porto Alegre.
O
Ver. Hélio Corbellini já andou pedindo que se fizesse a consolidação de todas
as leis do Município, mas sempre haverá alguém apresentando leis sobre táxi,
ônibus, passagem escolar e vamos dando a impressão de que as coisas estão
funcionando bem. Em uma Câmara onde a própria Lei Orgânica é desrespeitada,
para que fazer mais leis? Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir a Pauta.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entre
os diversos projetos que estão em discussão nesta Casa quero me referir a dois
projetos: um é um Projeto de Resolução da Mesa Diretora da Casa e o outro é de
minha autoria.
O
Projeto de Resolução da Mesa autoriza o Presidente da Casa a assinar um termo
de cooperação técnica com a FADERGS - Fundação de Atendimento ao Deficiente e
aos Superdotados do Rio Grande do Sul. Eu considero este Projeto de muita
relevância, considerando que a nossa sociedade ainda estabelece, em relação aos
portadores de deficiência, uma relação extremamente discriminatória e
preconceituosa. Quando as coisas acontecem assim, numa sociedade, é preciso que
os legisladores criem mecanismos legais que venham a reverter esta situação de
discriminação. É o que nós chamamos de ações afirmativas ou discriminações
positivas por parte da Lei.
Esta
proposta da Mesa Diretora da Casa, na verdade, consolida uma posição que está
explícita na Constituição Federal e na Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre. Ela dá possibilidade de os portadores de deficiências, que são alunos
dos cursos profissionalizantes ministrados pela FADERGS, terem uma
complementação destes cursos, através de um estágio prático, podendo, assim,
exercitar o aprendizado teórico estabelecido nos cursos da FADERGS.
Eu
acredito que isso recoloque nesta Casa esta discussão, porque, muitas vezes,
nós estivemos na tribuna discutindo a questão do portador de deficiência
física, trazido muito freqüentemente, aqui, pelo nosso colega Ver. Paulo Brum.
Porém, a assinatura deste Convênio e a entrada nesta Casa de pessoas portadoras
de deficiências em todos os setores da Casa vai criar possibilidade, inclusive,
de demonstrar à sociedade como é que os órgãos e a iniciativa privada podem
vencer, na prática, este preconceito.
Eu
queria, ainda, falar de um Projeto, de minha autoria, que começa a ser
discutido a partir de hoje. É o Projeto que concede o título honorífico de
Cidadão de Porto Alegre ao autor e diretor Paulo José. Vocês podem perguntar
por que Porto Alegre, através da sua Câmara, deve dar um título ao Paulo José.
Eu queria lembrar que Paulo José é um ator gaúcho, nascido em Lavras do Sul e
que teve uma parte importante da sua formação profissional no mundo artístico,
aqui, em Porto Alegre. Isso é pouco divulgado porque Paulo José quando era ator
em Porto Alegre estava no início de sua carreira e foi aqui, em Porto Alegre,
que começou a trabalhar, inicialmente, como contra-regra, depois como
assistente de direção, foi maquilador, desenvolveu uma série de atividades
típicas, próprias dos atores talentosos brasileiros, porém, não tinha, ainda, o
nome reconhecido através do mundo da arte, do mundo da cultura.
Foi
aqui, como animador, diretor, escritor e diretor de teatro, que Paulo José
conseguiu novos espaços na sua carreira, indo depois, para São Paulo, ocupando
o espaço no cenário cultural que hoje ele desenvolve, que hoje, inclusive, ele,
honrando o nosso Estado, tem procurado retomar a sua história, retomando, aqui,
suas raízes e os seus vínculos. Paulo José, hoje, é um nome inquestionável da
televisão, do cinema brasileiro e do teatro. Eu quero dizer que se nós dermos
ao Paulo José o título de Cidadão de Porto Alegre, estamos fazendo justiça e
resgatando uma etapa da história do grande ator e diretor Paulo José. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz para discutir a
Pauta.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
selecionei três projetos para comentar.
Primeiro,
dizer que é louvável e que a Vera. Clênia tomou a iniciativa que eu gostaria de
ter tomado tal é a admiração, respeito e amizade que tenho pelo ator, diretor
de cinema e teatro Paulo José. O Paulo José que conheci no Teatro de Equipe e
que foi meu colega de Faculdade de Arquitetura por algum tempo, assim como
Paulo César Peréio, e outros que passaram lá pela Arquitetura. O Paulo José,
mais do que ninguém, é um gaúcho que está
fazendo teatro, cinema, mas sempre levando o nome do nosso Estado, as
nossas tradições; e o seu jeito de ser significa muito para nós. É um cidadão
nacional, um cidadão brasileiro, um cidadão do mundo que nós homenageamos com o
título de Cidadão de Porto Alegre.
Há
um outro projeto tramitando, do Ver. Reginaldo Pujol, que acho interessante,
importante, porque também temos raízes açorianas, pensamos que é importante o
Dia da Comunidade Luso-brasileira. Creio que este Projeto do Ver. Pujol merece
todo o nosso apoio, uma vez que nossos colegas já têm instituído “dias”, de
outras comunidades, e logo a luso-brasileira ainda não estava no rol dessas.
Por
fim, queria comentar, é bom que a população acompanhe o quanto a Prefeitura se
esmera em manter um padrão isonômico e de atendimento cada vez melhor no Pronto
Socorro Municipal. O PLL nº 022/98, que modifica o art. 71 da Lei nº 6.309, que
foi sancionada em 28/12/88, altera também a Lei nº 6.616, de 03/07/90, que já é
do Governo Olívio Dutra, que assegura uma gratificação de 110% aos funcionários
com exercício em regime de plantão no HPS e dá outras providências, é algo que
deve ser divulgado. É o reconhecimento público do Governo Olívio Dutra, em
1990, quando eu fazia parte do Governo na condição de Secretário do
Planejamento, entendendo a importância do Pronto Socorro para Porto Alegre,
para o Estado e para o Sul do nosso País, sancionou essa lei que está em vigor.
Um
outro aspecto que hoje estamos discutindo para modificar essa Lei, é que os
funcionários do Pronto Socorro, via de regra, estão à disposição, todos, com a
mesma carga horária de trinta horas, sendo que se predispõem, ao ingressar no
Pronto Socorro, a aumentar essa carga horária para quarenta horas, quando o
serviço assim o exigir.
É
salutar, é importante e verdadeira a reivindicação daqueles que, hoje, não
estão recebendo a gratificação devida em função das quarenta horas, que estão
sendo pedidas, e necessárias para o serviço do Hospital.
Então,
estamos aqui, também, numa primeira fala, rápida, apoiando a idéia do Projeto
do Pronto Socorro. A idéia do Governo é mandar esse Projeto à Câmara.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador Clovis, V. Exa. ressalta esse Projeto que acho muito
importante, porque trata, mais uma vez, do nosso Hospital de Pronto Socorro,
fundamental para a Cidade e para o Estado, além do mais muitas pessoas estão à
espera dessa modificação, aguardando a aposentadoria. É importante, nós, como
Vereadores, agilizarmos esse processo.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Inclusive, Vereadora, para incorporar à
aposentadoria daqueles que têm o direito merecido e que devem usufruí-lo - por
justiça - por terem, realmente,
trabalhado e os que vão trabalhar nesse regime. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam
bem a dificuldade que se tem em ter bom senso para administrar Porto Alegre.
Sábado
passado, teve um jogo de futebol no Beira-Rio que levou ao Estádio quarenta mil
pessoas. O que fez a Prefeitura? No mesmo horário, em torno das quatorze horas,
até as dezesseis horas, que foi o horário que as pessoas estavam se deslocando
para irem ao Estádio, havia uma atividade de ciclismo na Avenida Beira Rio e a
Prefeitura a fechou, fazendo com que engarrafasse toda a Avenida Praia de
Belas, toda a Avenida Padre Cacique, que era o único acesso para chegar ao
Beira-Rio e à Zona Sul da Cidade, porque na avenida ao lado da Beira Rio havia
uma corrida de bicicleta que envolvia cento e cinqüenta pessoas, no máximo,
enquanto que no Estádio Beira-Rio havia um evento que envolvia quarenta mil
pessoas. É uma falta de sensibilidade por parte de quem administra Porto
Alegre, e esta partida de futebol estava marcada há mais de sessenta dias.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Guilherme Barbosa.)
Razão
maior ainda, Ver. Guilherme Barbosa, se havia um “show” no Gigantinho, vamos
deixar as duas pistas liberadas, para que as pessoas possam chegar. Mas esse
Prefeito, que não deve pensar, tranca uma avenida e deixa apenas uma para
quarenta mil pessoas chegarem ao futebol e mais quinze mil ao “show”. Em vez de
quarenta mil pessoas são cinqüenta e cinco mil pessoas que só poderiam chegar
por uma avenida.
Mas
não é sobre isso que quero falar. Sobre o que quero falar me deixa estarrecido
e peço a atenção dos Srs. Vereadores, porque eu tenho aqui o Le Mond Diplomatique, jornal de Paris onde tem uma matéria sobre o
Orçamento Participativo. Foram ouvidas diversas pessoas, entre as quais o nosso
querido e ilustre Prefeito Raul Pont. O que diz o Prefeito Raul Pont? A
tradução é fornecida pelo Gabinete do Prefeito. Vem a matéria em francês e a
tradução é do Gabinete. O que diz o Prefeito? “Em primeiro lugar - ele fala
sobre as dificuldades - é a coexistência de dois poderes: de uma lado, a Câmara
de Vereadores; de outro, os fóruns de setores e do Conselho do Orçamento
Participativo. Num país onde o salário-mínimo mensal é de R$ 130,00, cerca de
700 francos - explica Pont - os Conselheiros do Orçamento Participativo,
voluntários, nos dizem seguidamente: somos nós quem trabalhamos, então para que
servem os Vereadores, que recebem R$ 4.500,00 por mês, para não fazerem nada?”
Não sou eu quem está dizendo, o Prefeito está dizendo.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Guilherme Barbosa.)
Ver.
Guilherme Barbosa, solicito a V. Exa. que me escute. O Prefeito está dizendo o
que os membros do Orçamento Participativo dizem para ele, e ele leva para o
mundo uma opinião que ele, como ex-parlamentar, como conhecedor desta Câmara,
respeitando a história e a tradição desta Câmara, jamais poderia levar, Ver.
Guilherme Barbosa. É uma opinião de pessoas, que certamente ele sabe que está
errada, e ele jamais poderia levá-la adiante, principalmente a um jornal
mundial. Vou ler novamente: “Num país onde o salário-mínimo é 130 reais, cerca
de 700 francos, - explica o Sr. Raul Pont - os Conselheiros do Orçamento
Participativo, voluntários, nos dizem seguidamente: somos nós quem trabalhamos,
então, para que servem os Vereadores que recebem R$ 4.500,00 por mês para não
fazerem nada?” Ora, se o Sr. Prefeito não tem esta opinião e não pensa assim,
então ele jamais poderia dar esta opinião e jamais deveria divulgar a idéia que,
aqui, os Vereadores não fazem nada e recebem R$ 4.500,00 por mês.
Ver.
Guilherme Barbosa, eu não digo nem em respeito à oposição, se ele tem
dificuldades de relacionamento com a oposição, em respeito à situação que lhe
dá sustentação ao seu Governo. Este é o Prefeito que teve a sensibilidade de
fechar uma rua, onde cinqüenta e cinco mil pessoas iam para um espetáculo
esportivo e cultural, para fazer uma atividade que envolvia cento e cinqüenta
pessoas. Este Prefeito que não tem a sensibilidade, Ver. Adeli Sell, e diz ao
mundo todo a opinião de membros do Orçamento Participativo. Vejam a
dificuldade, querem que este Vereador aceite e respeite o Orçamento
Participativo como sendo um organismo sério. Até a idéia pode ser séria, mas
algumas pessoas que participam dela estão deixando claramente que não são
sérias, ou são desinformadas, ou são ignorantes. Pobre de Porto Alegre que fica
dependendo da atuação desses membros do Orçamento Participativo e desse
Prefeito que leva essa informação para o mundo e diz a todos que, aqui, se
ganha R$ 4.500,00 para não se fazer nada. Eu gostaria de saber quanto ganha
este Prefeito e se ele faz alguma coisa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou-me
ater a dois projetos, aos quais, na semana passada e hoje, os Vereadores já se
referiram, o do Ver. Antonio Hohfeldt, PLL nº 113/98, sobre o serviço de táxi
em Porto Alegre, e o da Vera. Anamaria Negroni, sobre o mesmo assunto, porém
com uma outra abordagem, sobre o ponto fixo de apoio ao serviço de transporte
individual de passageiros, ou seja, o táxi.
Eu
tenho profundas preocupações sobre esses dois projetos, o primeiro já foi
abordado pelo Ver. Elói Guimarães, na semana passada. Preocupa-me que o
Vereador, que sistematicamente, aqui nesta Casa, tem levantado suspeição sobre
o conjunto de taxistas de Porto Alegre, agora venha querer dizer a esta Câmara
de Vereadores que nós vamos legislar sobre a questão sindical. É isto que o
Vereador quer, mas não pode ser feito isso, porque no nosso País a liberdade
sindical foi conquistada, nós temos o pluralismo sindical, existem várias
opiniões sobre o assunto, inclusive, e nós temos sindicatos que são por lei
possíveis de serem organizados numa mesma base social. É o caso dos taxistas.
Nós temos dois sindicatos em Porto Alegre, e poderá haver outros, dependendo do
correr do processo da Lei Sindical no País, e não será esta Câmara de
Vereadores que vai dizer qual é o sindicato que representa a categoria. É a
categoria dos taxistas que soberanamente vai dizer. E se houver controversas
como está havendo neste momento, é a Justiça, Ver. João Carlos Nedel, que vai
dizer qual é o sindicato que representa os taxistas de nossa Cidade. Não
seremos nós, os Vereadores, que vamos fazer uma lei que vai dizer se tal
sindicato pode distribuir oficialmente ou não tabelas de preços, a chamada para
o número 158 da SMT, recibos e coisas do gênero. Afinal os taxistas são livres
para inscreverem-se no sindicato que acharem conveniente e que acreditem que os
represente. Portanto, está equivocado o Projeto do Ver. Antonio Hohlfeldt.
Quero
lembrar esta Casa, e a população sabe, e os taxistas sabem muito bem, que o
campeão de Pedidos de Providências sobre qualquer chiado, sobre qualquer
telefonema, sobre qualquer suspeita, o Vereador logo tem uma condenação
explícita aos taxistas. Então, algo estranho está acontecendo aqui nesta Câmara
de Vereadores.
Além
disso eu quero discutir o Projeto da Vera. Anamaria Negroni, que tem um
problema, ela trata da questão dos pontos fixos e fala da radiotáxi. Vera.
Anamaria Negroni, radiotáxi, existem vários, como já foi colocado corretamente
pelo Ver. João Dib, e se trata da iniciativa privada. Então, nós temos que
discutir melhor esse seu Projeto, porque, inclusive, pela leitura que fiz, o
seu Projeto não fica claro exatamente o que a Senhora pretende, e como vai
funcionar essa questão. O que nos preocupa, Vereadora, sobre o serviço de táxi
em Porto Alegre, são as condições econômicas do nosso povo, que precisa se
deslocar com urgência de um canto para outro da Cidade, muitas vezes por
problemas de doença, e não tem condições econômicas para tomar um táxi.
Então,
o problema não é o táxi ficar muito tempo parado, não é um problema ligado a
pontos fixos ou não; o problema é econômico. Eu posso aceitar que se faça esse
debate, mas, considerando a maneira como está colocado o seu projeto de lei, eu
acredito que não há base, sustentação legal para legislar sobre o viés que V.
Exa. tenta dar ao seu projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Saúdo o Ver. Pedro Américo Leal, que
volta da Europa, de onde traz conhecimentos para esta Casa.
Neste
momento passo a presidência dos trabalhos ao Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. João Dib está com a palavra em
tempo de Liderança.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
“Prefeitura-turismo” já se prepara para funcionar mais uma vez: o Prefeito de
Porto Alegre vai a Montevidéu. De cada cinco dias, incluindo o sábado e o
domingo, o Prefeito viaja um. Se isso trouxesse benefício à Cidade, eu ficaria
até contente, mas ele só denigre a Cidade. Não aprendeu nada. A única coisa que
aprendeu foi, quando, após fazer uma palestra paga na Venezuela, estendeu a
viagem até a França, que se chamava Raul “Pon” como se pronuncia em francês, e
não “Pont”. Voltou de lá e a televisão da Câmara divulgou, amplamente, a
preocupação do Sr. Prefeito de trazer para Porto Alegre o “train way”, porque
bonde para ele é coisa de gaúcho, coisa de brasileiro equivocado. E o pior de
tudo é que a televisão da Câmara ajudou a divulgar.
É
claro que se perguntar para alguém menos avisado se ele quer o bonde, se tem
saudade, ele vai dizer que sim. E o Prefeito diz que vai vir uma equipe de
técnicos da França, de Saint Denis para estudar o bonde. Quando queremos
explicar uma coisa complicada dizemos que é um bonde. É o que ele quer, um
bonde, mesmo.
Imaginem
o porto-alegrense colocando bonde na Av. Independência, na Protásio Alves, na
Cristóvão Colombo, na Azenha, que beleza.
Já
imaginaram que para fazer a impermeabilização em uma laje do Viaduto Otávio
Rocha, que todo o mundo chama de Viaduto Borges de Medeiros, ele está há mais
de um mês ali e não sai do lugar, imaginem abrindo os corredores para implantar
trilhos.
Ele
não precisava viajar no seu turismo, “Prefeitura-Turismo” permanente, a cada
cinco dias, um dia de viagem. Porto Alegre para o resto do mundo a cada cinco
dias. E se ao menos ele trouxesse alguma informação. Não, ele vem desinformado
e ainda vai lá na França dizer o que não pode ser dito por alguém que é
Prefeito, que jurou cumprir a Lei Orgânica, e ela no art. 2º é clara, precisa,
concisa, mas não é respeitada pelo Prefeito.
Há
dois poderes no Município, o Executivo e o Legislativo, diz a Lei Orgânica,
independentes e harmônicos entre si. Agora, o Prefeito de Porto Alegre naquela
sua “brilhatura”, naquela sua inteligência extraordinária vai dizer que o
porto-alegrense, que é a Capital mais politizada do Brasil, não sabe nada. Diz
ele assim: ”Entretanto o Prefeito atual não é o último a se perguntar sobre os
problemas” que ele coloca. “Em primeiro lugar o da coexistência de dois
poderes, de um lado a Câmara de Vereadores” - aqui chama-se Câmara Municipal,
nem é Câmara de Vereadores – “de outro os fóruns e setores do Conselho do
Orçamento Participativo.” Ora, deveria ser pedido o impeachment do Sr. Prefeito
pela declaração incompetente e burra! Burra sim! Já disseram: opa, de lá e eu
repito aqui! Como que um Prefeito diz que dois poderes que conflitam entre si -
Orçamento Participativo e a Câmara Municipal, aliás eu tenho dito reiteradas
vezes, aqui, que há um desprezo muito grande de parte do Executivo para o
Legislativo Municipal e nós damos a ele toda a cobertura para que administre a
Cidade porque nós colocamos acima dos nossos interesses, acima das nossas
diferenças e desavenças, o interesse da Cidade.
Mas
o homem vai a Paris fazendo no caminho uma conferência paga, em Caracas, para
dizer que aqui tem dois poderes: o Poder Legislativo e o poder do Orçamento
Participativo e dizer que os Vereadores realmente não fazem nada. Pois olha, a
primeira coisa que nós deveríamos fazer é não autorizar os créditos para o qual
nós pedimos urgência; é não autorizar a viagem para a qual ele está pedindo com
antecedência, até, para mostrar para ele, pelo menos, por que nós estamos aqui.
Agora, não preciso me preocupar com um Prefeito que não respeita a Lei
Orgânica, que não respeita lei nenhuma e que a Câmara coniventemente, muitas
vezes, deixa passar. O Prefeito que abre crédito sem ter cobertura financeira e
diz que tem e a Câmara deixou passar. Ele vai a Paris, com o dinheiro do
porto-alegrense, para dizer que o porto-alegrense é incompetente! Que manda
para a Casa do Povo, trinta e três personalidades que não sabem nada, que não
fazem nada, apenas recebem o dinheiro do povo de Porto Alegre e ele recebe mais
do que os Vereadores! E, viaja todo o tempo, a cada cinco dias ele viaja um.
Nenhum Prefeito precisa viajar tanto, mas ele precisa fazer uma viagem e quando
não vai ele vai o Vice-Prefeito e ainda chamam o Presidente da Câmara para
substituí-los. Esse Prefeito também representou o povo de Porto Alegre quando
saiu daqui, foi lá e falou mal do povo de Porto Alegre quando disse que os
Vereadores não fazem nada. Não interessa se foram os integrantes do Orçamento
Participativo que disseram isso, mas ele veiculou. Se eu, Prefeito, recebesse
essa informação do Orçamento Participativo eu diria a eles, porque seria a
minha obrigação, que sem a Câmara não há governo, não há desenvolvimento, não
há crescimento, não há progresso nesta Cidade. A Câmara é essencial, mas todas
as vezes em que o Executivo pode, ele tenta denegrir a imagem da Câmara, que no
Brasil, felizmente, é muito respeitada, mas não é respeitada pelo Prefeito de
Porto Alegre.
A
Bancada do PT, que ficou contrariada pelo que eu disse, é bom que lembre que,
recentemente, quando eu propus uma moção de repúdio a uma declaração dizendo
que Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre eram corruptos, o PT todo
votou contra a moção, e me foi exigido tudo para que pudesse ser votada. Saúde
e Paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
última sexta-feira tivemos uma reunião com a Direção do Hospital Parque Belém e
depois fomos visitar a área em que seria inaugurado o transbordo Belém Velho
por parte da Associação de Transportes de Passageiros de Porto Alegre. Lá
visitamos a praça, a escola e nos deparamos com uma realidade bastante
desagradável.
Primeiro,
a escola localizada ao lado do transbordo, a Escola Estadual de 1º Grau Dr.
Pacheco Prates, que hoje possui 740 alunos e é a única escola de 1º grau
completo na região, para terem uma idéia da situação atual da escola, e hoje
ainda mantivemos um contato com a Diretora, faz seis dias que aquela escola não
tem água, há seis dias a escola não recebe água. Gostaríamos de ver com o Poder
Público Municipal o que está ocorrendo com o DMAE, pois a Diretora teve que
suspender as aulas por dois dias porque a água não chega à escola.
Além
do mais, uma outra realidade constatada, e aí vamos pedir à Secretaria
Municipal de Transportes que agilize a questão do ônibus, já que as aulas eram
para começar às 7h45min, mas nunca começam antes das 8h05min, 8h10min, porque o
ônibus não chega no horário. Então está ocorrendo um sistema inverso, a escola
tem que se adaptar ao ônibus, em vez do contrário. Então, vinte cinco minutos
depois começam as aulas, quando chega o ônibus, já que grande parte dos alunos
são da região de São Francisco, Salso e Rincão, em torno do Bairro Belém Velho
e uma parte da Lomba do Pinheiro. Além disso, as aulas também têm que terminar
por volta das 11h55min, porque se os alunos saírem no horário regular,
12h10min, só vão pegar o ônibus às 13 horas. Ou seja, essas crianças terão que
ficar cinqüenta minutos na parada. O que estamos solicitando, de público, é que
tentem resolver esse pequeno problema, no nosso entendimento, só que é um
grande problema dentro da configuração da escola.
Além
do mais, estamos encaminhando um Pedido de Indicação ao Estado, para que
naquela região seja implantada uma escola de 2º grau, já que toda aquela região
que comporta, mais ou menos, cinqüenta, a sessenta mil pessoas não possui
nenhuma escola de 2º grau. Estamos coletando um abaixo-assinado para que, o
quanto antes, o Sr. Governador do Estado, através da Secretaria de Educação,
possa implantar uma escola de 2º grau naquela região.
Essa
escola está com problemas seríssimos: está faltando professores, de História e,
inclusive, professor da minha disciplina, Educação Física. Não tem supervisão,
pasmem, a lª série do 1º grau tem uma turma com quarenta alunos e uma outra com
trinta e oito alunos, o que é inviável para quem está começando o processo de
alfabetização. Estamos entrando em contato com a Secretaria de Educação para
que oportunize para que seja criada mais uma turma de 1ª série, para que o
ensino, o aprendizado possa realmente fluir.
Então
encarecemos esses pedidos de água, que faz seis dias que não tem água na
região; que seja resolvido imediatamente o problema do ônibus; o problema de
falta de professor; o calçamento em torno da praça, para que tanto crianças
como os veículos possam transitar livremente, já que foi feito o local do
transbordo, mas o passeio público do calçamento é inviável porque é de chão
batido e nos dias de chuva as pessoas não têm onde transitar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em uso
de tempo de Pauta, eu gostaria de comentar sobre o Projeto de autoria do Ver.
Renato Guimarães, que altera o Código de Limpeza Pública e determina que os
responsáveis por atividades artísticas, culturais, políticas e por instalações
de circos e parques de diversões e similares, instalados em logradouros, ficam
obrigados a manter limpa a sua área de atuação. É um Projeto meritório, vem em
tempo hábil, porque, neste momento em que se exercem muitas atividades
políticas, deixam as nossas cidades, muitas vezes, sem a limpeza adequada. Esse
Projeto de alteração vem suprir essa lacuna e atender aos anseios da população.
Parabéns ao Ver. Renato Guimarães.
Gostaria
de me referir também ao Projeto do Ver. Antonio Hohlfeldt, que fala sobre os
serviços de transportes de passageiros de táxi. É somente para informar ao Ver.
Adeli Sell, que usou a tribuna, que o Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre
obteve, na Justiça, o direito de representar os taxistas de Porto Alegre. Para
isso já existe sentença, já transitou em julgado, já está decidido. É claro que
o Projeto do Ver. Antonio Hohlfeldt tem também os seus méritos e merece
aprovação desta Câmara.
Gostaria
de me referir a dois Projetos de minha autoria que denominam logradouros
públicos com nomes de dois líderes comunitários para duas vilas da nossa Capital.
Na Vila Farrapos, onde Mário Silveira da Conceição há muitos anos iniciava sua
atividade comunitária naquela região e trouxe grandes benefícios para a
sociedade daquele bairro. Na Vila Vargas, o líder comunitário José Gonçalves,
um grande batalhador que faleceu trabalhando pela sua comunidade. Hoje a Vila
Vargas lhe retribui solicitando que a antiga Rua F seja denominada José
Gonçalves.
O Sr. Antônio Losada: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Nedel, quero parabenizar o seu Projeto que homenageia o
líder comunitário Mário Conceição, que tive a oportunidade de conhecer e
acompanhar o trabalho que ele desenvolveu naquela comunidade. Meus parabéns.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, Ver. Antônio Losada. Por
fim, gostaria de elogiar o Projeto do Sr. Prefeito Municipal que assegura a
gratificação de 110% aos funcionários em regime de plantão no Hospital de
Pronto Socorro e outros plantões médicos. Estávamos discutindo na minha Bancada
se esse Projeto é adequado neste período eleitoral, porque já vimos o ilustre
Ver. Clovis Ilgenfritz e a Vera. Maria do Rosário elogiarem muito o
encaminhamento deste Projeto na Câmara. Só quero lembrar que este Projeto não
venha a servir para fisiologismo político. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o certo
é que o nosso tempo é pequeno para levantarmos todas as questões trazidas pelos
setores da oposição a esta tribuna. Sobre as questões trazidas pelo Ver.
Fernando Záchia cabe referir que, próximo ao Gigantinho, no sábado à tarde, uma
parte da avenida foi destinada aos ciclistas e dois eventos ocorriam ao mesmo
tempo no Gigantinho e no Beira-Rio. Eventos que levaram muitas pessoas àquele
local, e a própria direção do Clube não
teve a preocupação de separar esses eventos em dois momentos.
Eu
me socorro da fala do Jornalista Paulo Sant’Ana, na coluna de hoje, dia 24 de
agosto, quando ele se refere a esta questão, algumas pessoas estão contra a
pista de eventos, mas fazem dois eventos que concorrem entre si e que levam a
mesma localização um número grande de pessoas. Cito Paulo Sant’Ana, ex-Vereador
desta Casa, pela objetividade com que ele tratou na sua coluna e para responder
ao Ver. Fernando Záchia da nossa responsabilidade com o esporte e preocupação
com o trânsito da nossa Capital.
A
outra questão trazida pelo Ver. João Dib e demais Vereadores trata da presença
do Sr. Prefeito na França, das suas declarações que se referem a uma
preocupação que toda a população tem. Se formos perguntar à população como um
todo, qual é a imagem que ela faz do Parlamento, seguramente é preciso que,
mesmo reconhecendo o trabalho que desenvolvemos, a busca constante de um
relacionamento direto com a população, reconheçamos que muitas pessoas têm a
visão do Parlamento onde muito se conversa e pouco se produz. Justamente no
sentido de invertermos essa lógica é que a atividade da Câmara Municipal de
Porto Alegre honra os porto-alegrenses.
Esse
é o depoimento que gostaria de dar, em nome da nossa Bancada, entendendo que na
verdade, nós, em Porto Alegre, tentamos viver duas formas de organização
social, de um lado a forma tradicional de organização social, que é a
democracia representativa através de uma Câmara de Vereadores, uma Câmara
Municipal do nosso Parlamento, e de um outro lado a democracia direta, através
dos fóruns da sociedade, dos conselhos populares e do Orçamento Participativo.
Para nós essas duas formas de organização fazem com que a Cidade seja melhor e
possamos ouvir mais. Se existem resistências no Orçamento Participativo acerca
da Câmara de Vereadores, como aqui se referiu o Prefeito, perdoem-me os Srs.
Vereadores que não concordam comigo, mas a primeira resistência está nesta
Casa. Muitos Vereadores não conhecem o Orçamento Participativo e fazem questão
de desconhecê-lo.
Vários
Vereadores desta Casa, de diferentes bancadas, não reconhecem uma experiência
que é mundialmente reconhecida nos dias de hoje, premiada pela ONU e por
diversas organizações internacionais, que é o Orçamento Participativo que deve
nos orgulhar como Cidade, porque nós, Srs. Vereadores, podemos ser melhores na
atividade que fazemos, ouvindo a nossa população e, tenho certeza, todos nós
fazemos isso, mas, especialmente, ouvindo esses fóruns da sociedade organizada,
que são os fóruns do Orçamento Participativo.
Quero
referir a realização do Fórum Nacional de Gestores Municipais de Assistência
Social. Diversos municípios da Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, do
Rio Grande do Sul, e inúmeros estados da Federação estiveram reunidos, e Porto
Alegre tem, através da nossa Fundação de Educação Social e Comunitária,
participação nessa gestão nacional de assistência social. Estou falando sobre
isso, porque o Fórum Nacional indicou que esse problema grave que nós vivemos,
e que o atual Presidente e candidato, hora Presidente e hora candidato quer
resolver nos próximos quatro anos, que é o desemprego, ele tem a cara deslavada
de pedir à população mais quatro anos para resolver a situação do desemprego. O
Fórum Nacional indica que esse problema agrava situações de dificuldade do
nosso povo e exige ainda mais das políticas de assistência social.
Quero
falar sobre essa questão, porque o jornal Correio do Povo de hoje traz uma
nota, em um canto de página, discreta, do Albergue João Paulo II. Esse
albergue, no Natal passado, chamou a atenção de todos nós para uma dificuldade
muito grande, em que meninos e meninas de rua não tinham a possibilidade de ter
um Natal com dignidade. Esse albergue, naquele momento, teve por parte do
Governo do Estado uma propaganda estratosférica, certamente o Governo de
Antônio Britto gastou mais com a propaganda do que, na verdade, deu ao
albergue. A propaganda foi realizada no Natal, em um tempo de comoção, de muita
emoção, da vida em família. Pois, em janeiro deste ano, o próprio Governo de
Antônio Britto cortou os recursos que repassava ao albergue.
Agora,
o único repasse que existe é um da Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
aprovado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
sendo um repasse de dois mil e quinhentos reais que não sustenta o conjunto das
políticas do albergue e a necessidade de atendimento daqueles meninos que precisam
muito mais do que um prato de comida, muito mais do que um banho ou de que um
lugar para dormir. Precisam de tudo isso, mas precisam da prioridade mesmo que
se fala todo o dia. Vejam os senhores, se não é uma desfaçatez, é um absurdo!
Pergunto aos Vereadores que, aqui, têm relações dentro da Secretaria de Estado
de Assistência Social, por que o Governo do Estado, depois de toda a propaganda
realizada em torno do repasse de recursos para o Albergue João Paulo II, não
está repassando um tostão?
Há
cinco meses este Governo do Estado não repassa recursos para os fundos
municipais do direito da criança e do adolescente e organizou esse “Piá 2000”,
que dá dinheiro direto para as entidades, numa política clientelista e
vergonhosa que está sendo realizada em todo o Estado e aqui em Porto Alegre
também. Aos Vereadores que nos perguntarem do porquê que não assinamos
convênios com o “Piá 2000” em Porto Alegre é preciso que se diga que o “Piá
2000” não significava para Porto Alegre um tostão a mais, nenhuma contribuição
para a política de atendimento da criança na Cidade de Porto Alegre, nem para
extra-classe, nem para nada, porque o recurso do “Piá 2000” - o Governo do
Estado desconhece o Estatuto da Criança e do Adolescente - deveria ser
depositado justamente no Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente ou no Fundo Estadual para ser gerenciado pelo Conselho Estadual.
Ora,
um governo que não reconhece os fóruns, um governo que não tem políticas para a
assistência social, mas um governo feito de propaganda, que na época do Natal
foi dizer que entregaria recursos para a sociedade, para a congregação “Pobre
Cervos da Divina Providência”, e que não repassou. Isso me preocupa, isso é
sério, isso é atendimento da criança e do adolescente, atendimento prioritário
da Cidade de Porto Alegre e que a nossa Cidade não tem como fazer sozinha!
Queremos que os recursos do Estado venham para a assistência social.
Essa
é uma solicitação do Fórum Nacional que trabalha com assistência social em
todos os municípios do Brasil, e é um encaminhamento urgente de ser feito.
Portanto, o trânsito na Av. Beira Rio está tudo bem, tudo
encaminhado. O Gigantinho e o Beira-Rio estavam ocupados ao mesmo tempo. O
Internacional tem que ter mais cuidado com isso. Tem que se preocupar mais em
ganhar jogo, ao invés de fazer todos esses eventos ao mesmo tempo. Quero dizer
que temos que ter muito cuidado, porque só da crítica não se sobrevive. Quem só
reclama não tem proposta para apresentar.
Há
Vereadores que só vêm para esta tribuna fazer queixa e reclamar. E nós estamos
aqui apresentando soluções e políticas concretas para a sociedade. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sônia Santos solicita Licença
para Tratamento de Saúde, no dia de hoje.
(Obs.:
Foi apregoado o Requerimento de licença da Vera. Sônia Santos e dada posse ao
Suplente, conforme consta na Ata.)
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que
faz um período eleitoral, Cel. Pedro Américo Leal! O que faz uma eleição! Pois,
o nosso Prefeito, “turista trapalhão”, mais uma vez pisa na bola, dá uma
entrevista lamentável, infeliz sob todos os aspectos, mas, principalmente,
desrespeitando a Bancada do PT.
Não
é verdade o que disse a Líder Maria do Rosário. Nós trabalhamos com afinco, e
sou testemunha do esforço dos Vereadores que aqui trabalham, e um esforço maior
ainda, um grande malabarismo intelectual da Bancada do PT para justificar esta
barbaridade, esta entrevista infeliz, esta entrevista ofensiva, agressiva,
desnecessária, de alguém que demonstra cada vez mais o apreço e a consideração
que tem para com a Casa: apreço zero e consideração zero.
Pois
a Vera. Líder, Maria do Rosário, falou, falou e não respondeu a essa nossa
estupefação com o que denunciou o Ver. Fernando Záchia em seu pronunciamento de
Liderança, pela agressão do Prefeito, não a nós Vereadores, mas à instituição,
à Casa, à democracia, à existência de um poder que tergiversa, que debate, mas,
principalmente, a sua Bancada, que é honesta, que é trabalhadora e que vem para
cá em busca de um entendimento com a oposição, com a população e, muitas vezes,
no calor do debate, somos testemunhas da eficiência da própria Bancada do PT
que, certamente, não deve concordar. Fico até penalizado com a dificuldade da
Líder Maria do Rosário quando precisa vir à tribuna para responder os
questionamentos. Daí a prática comum e banalizante do debate, que é a manobra
diversionista.
Por
falar em albergue, Vera. Maria do Rosário, somente o despacho de um juiz
rechaçou aquilo que a Prefeitura queria fazer com o Albergue Dias da Cruz, há
menos de um ano. Ou vocês esquecem, ou acham que os colorados vão esquecer,
aquela invasão do Parque Náutico, grosseira e abusiva, a qual a Justiça já está
dando encaminhamento adequado, isto é, o Internacional já está com toda a
razão? Ou vocês acham que o sambódromo poderia ser construído ali apenas com a
opinião do cronista Paulo Sant´Ana ? Não,
a opinião é de desembargadores, que chamam de manobra torpe e de projeção
pessoal do Sr. Prefeito, querendo construir uma obra faraônica para se
consagrar, quando a pista de eventos, aspiração de todos nós, só não pode, por
lei, ser construída onde o Prefeito desembestou que deva ser. Ora, esquecem que
90% do atendimento da saúde é feito pelo Governo Estadual e pelo Governo
Federal? Esqueceram que de cada cinco crianças educadas no Município quatro são
garantidas pelo Governo Estadual? Existe, ainda, aquela propaganda do DEP de
doze anos dizendo que não havia mais alagamentos em Porto Alegre. E a promessa
do Sarandi, que não foi cumprida? E o Arroio Dilúvio, que está apodrecendo pela
indiferença da Prefeitura? Há um ano fiz esta reclamação aqui e em nada
adiantou! Aí, eles pedem recursos do Governo Federal e Estadual e continuam
aqui virando o cocho e falando mal.
É
evidente que entendemos que este é um momento eleitoral e é muito fácil nivelar
por baixo, acusar os outros sem ter um programa, porque os programas até agora
apregoados pela oposição pertencem à arqueologia do pensamento político do
Século XX.
Lamentavelmente,
não há condições de enfrentar esse verdadeiro absurdo que se constitui nas
diversas declarações, entre elas essa última, a um jornal internacional, onde
são ofendidos a Casa, os Vereadores, mas, principalmente, o povo de Porto
Alegre, que escolheu esses Vereadores. Nós não estamos aqui por autonomeação,
estamos aqui porque fomos escolhidos e trabalhamos para isso.
Este
Vereador faz questão de dizer que tem pontualidade, assiduidade exemplares e
que repele, de todas as formas, essa insinuação, essa agressão, essa indecorosa
agressão que o Prefeito, para fazer proselitismo pessoal, faz no exterior,
pensando que não existe mais comunicação, ou que o povo já não sabe do festival
de besteiras que assola Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que seja
retirado, com anuência do Vereador Sebenelo, a expressão “virando o cocho”,
porque acho que isso não condiz com a nossa linguagem aqui na Câmara.
Faço
um pedido especial ao Vereador. Que mantenha a sua crítica, porque a
entendemos, mas acho que essa expressão deve ser retirada do seu
pronunciamento.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell faz um requerimento à
Mesa, que é dirigido, também, ao Vereador Sebenelo, que quer-se manifestar.
Peço-lhe que seja rápido, por favor.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, serei tão rápido quanto
foi o Vereador Adeli. O Vereador Adeli não pode ser o sensor do meu pensamento.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. mantém o seu discurso?
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Mas é evidente! Estou dizendo exatamente
isso, Sr. Presidente, estou mantendo o meu discurso.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja
para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho,
aqui, em nome da Bancada do PTB, dos companheiros Luiz Braz, Sônia Santos,
Tereza Franco, Eliseu Sabino e em nome também dos companheiros do PPB, me
manifestar em um dia muito especial para nós, do Partido Trabalhista
Brasileiro.
O
PTB, hoje, reverencia a memória do nosso grande líder Getúlio Vargas. Faz
quarenta e quatro anos que perdemos nosso grande líder, esse homem que
restabeleceu o processo democrático neste País, que fortaleceu, com a sua ação,
o Poder Legislativo, que deu as diretrizes a todos aqueles que trabalham, que
produzem neste País. Getúlio Vargas, como estadista, fez conquistas que fazemos
questão sempre de reverenciar, porque, por mais que nos manifestemos, não
podemos, jamais, esquecer a figura importante do Presidente Vargas, esse grande
líder que fundou o nosso PTB e que manteve, na sua luta, os trabalhadores, o
povo que produz neste País, buscando sempre o equilíbrio entre o capital e o
trabalho, e que fez crescer este País.
Lembro,
há pouco tempo, de uma cidadã que visitava a nossa Bancada e, olhando a
bandeira do PTB, dizia para nós: “Só voto em um Partido; só voto no PTB”.
Perguntei-lhe por quê. Ela respondeu: “Eu e mais três irmãos éramos filhos de
mãe solteira. Até 1946, não existíamos, e o Presidente Vargas determinou que os
cartórios passassem a registrar os filhos de mães solteiras que não existiam
até então como cidadãos perante este País”. Esse foi um dos tantos atos do
Presidente Vargas para fazer com que este País realmente se desenvolvesse,
crescesse e respeitasse o seu povo trabalhador.
Por
isso o PTB tem orgulho, e quando tremula a sua bandeira não há família neste
Estado, não há comunidade neste Rio Grande que não reverencie a bandeira
tricolor que tem a razão de ser nos fundamentos do Partido Trabalhista
Brasileiro.
O
trabalhismo evoluiu, senhores, o trabalhismo avançou, e hoje não é por acaso
que na Inglaterra voltou o trabalhismo a comandar e a dirigir os destinos da
Inglaterra, que todos sabemos, é uma das grandes potências deste mundo; e que,
cada vez mais, na Europa o trabalhismo avança.
E
fomos atacados ao longo dos anos e temos sido, porque a sigla trabalhista é
muito forte, ela bate muito no coração dos brasileiros, ela bate muito no coração
dos gaúchos, e fizeram de tudo para dividir os trabalhistas. Mas tenho certeza
de que um dia os trabalhistas voltarão a se agrupar, porque o grande destino
deste País é o trabalhismo, é a ideologia trabalhista. Todos nós sabemos! O
nosso PTB foi atacado, o nosso PTB foi atingido, foram misturadas várias
correntes dentro do nosso PTB, mas nós - principalmente o PTB do Rio Grande do
Sul -, os petebistas de Porto Alegre, mantemos os verdadeiros princípios
trabalhistas e não abrimos mão. E é por isso que hoje convidamos os
companheiros que quiserem ir prestar uma homenagem a Getúlio Vargas, a Bancada
do PTB estará na Carta Testamento, no final desta Sessão, prestando a sua
homenagem à grande memória de Getúlio Vargas. Queremos com isso continuar
dizendo que o trabalhismo está mais vivo do que nunca, e que vai continuar
sendo o grande partido de todos os trabalhadores, de todos aqueles que produzem
neste País. Esta é a grande marca do PTB, e buscando sempre, senhores, com bom
senso, com serenidade, o equilíbrio entre o capital e o trabalho. É por isso
que mais do que nunca a Bancada do PTB reverencia a memória do nosso saudoso
Getúlio Vargas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, conforme acordo entre as
Bancadas, estamos encaminhando um Requerimento pedindo alteração da ordem de
discussão dos Projetos da Ordem do Dia. Primeiramente, discutiríamos o Requerimento nº 143 e o Requerimento nº 170;
após, PLE nº 024/98, PR nº 017/98, PR
nº 023/98, PLL nº 031/98 e PR nº 011/98.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Sr. Presidente, gostaria de aduzir ao,
Requerimento do ilustre Ver. Renato Guimarães, a solicitação de Sessão Solene
em homenagem à Brigada Militar.
O SR. PRESIDENTE: Acredito que não haja problema algum, a
homenagem à Brigada Militar será em novembro.
Em
votação o Requerimento do Ver. Renato Guimarães, adendado pelo Ver. João Carlos
Nedel. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Apregôo a Emenda nº 01 de autoria do
Ver. Juarez Pinheiro, ao PR nº 032/98 que autoriza o Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre a assinar termo de cooperação técnica com a Fundação
de Atendimento ao Deficiente e Superdotado do Rio Grande do Sul.
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
Quero
avisar ao pessoal do COPA, que está aqui presente, que a votação do Projeto só
será possível na segunda-feira, porque temos que correr Pauta na quarta e na
sexta-feira, quando marcaremos a data para a assinatura dos convênios.
A
presença de vocês é sempre bem-vinda para a Casa, mas o Projeto só poderá ser
votado na segunda-feira.
O
Ver. Pedro Américo Leal trouxe um volume de Portugal, que estamos endereçando
ao Setor do Memorial da Casa, que é o livro “Pavilhão do Conhecimento do Mar”,
da EXPO-98, que está sendo realizada em Lisboa. É um volume maravilhoso que
traz os detalhes daquele pavilhão, que é um dos principais a serem exibidos na
EXPO-98. O Memorial da Casa depois vai exibi-lo a todos os Vereadores e a todos
que queiram visitá-lo.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Quero dizer a todos os Colegas que usarei
o tempo, oportunamente, destinado a fazer um relato dessa viagem, que, na
verdade, encerrou experiências maravilhosas; o Presidente resumiu, agora, neste
momento, falando sobre um dos pavilhões da Exposição - são cento e setenta e
seis pavilhões - e esse pavilhão é um dos mais importantes. Usarei o tempo que
V. Exa. há de me conceder para fazer uma exposição aos Vereadores do que eu vi.
O SR. PRESIDENTE: Será um prazer, Ver. Pedro Américo Leal.
(Obs.:
Foram aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)
PROC.
2264/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/98, que altera o art. 1º da Lei nº 7092, de
19 de julho de 1992, que denomina Praça Zamprogna um logradouro público situado
no Bairro Humaitá, e dá outras providências.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
por força do art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 024/98. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
0989/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 017/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que oficializa, na
Câmara Municipal de Porto Alegre, o Dia dos Pais, a ser comemorado no segundo
domingo do mês de agosto de cada ano. Urgência.
Parecer
Conjunto:
- da CCJ. e CECE.
Relator-Geral Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 017/98. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1347/98 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 023/98, de autoria do Ver. Gerson
Almeida, que concede ao músico Paulo César Baptista de Faria, o Paulinho da
Viola, o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues”.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 023 /98. (Pausa.)
Em votação (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 0889/98 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 031/98, de
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Jorge
Gerdau Johannpeter.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto.
- da CECE. Relator Ver. Carlos Garcia: pela aprovação do Projeto.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA – art. 82, §
2º, V, da LOM;
- votação nominal nos
termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 031/98. Em votação
o Requerimento do Ver. Paulo Brum que solicita adiamento por uma Sessão.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC.
0808/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 011/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Dr. Luiz Fontanive Ferreira.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA - art. 82, §
2º, V, da LOM;
-
votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o Projeto de Resolução nº
011/98. Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Reginaldo Pujol que
solicita adiantamento por uma Sessão. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
1335/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 011/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
dispõe sobre a destinação de terrenos não-edificados no Município de Porto
Alegre e dá outras providências.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela rejeição do Projeto
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto.
- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação,
voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, I, da
LOM;
-
incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Discussão geral o PLCL nº 011/97.
(Pausa.)
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Requeiro, Sr. Presidente, o adiamento da
discussão desse Projeto por uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento da Vera. Maria
do Rosário. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
1551/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 012/97, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
institui, oficialmente, como padroeira de Porto Alegre, Nossa Senhora dos
Navegantes.
-
da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relatora Vera. Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art.
82, § 1º, I, da LOM;
-
adiada a discussão por cinco Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Discussão geral e votação do PLCL nº
012/97.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Requeiro, Sr. Presidente, o adiamento da
discussão do PLCL nº 012/97 por uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: A discussão desse Projeto já foi adiada
por cinco Sessões, Vera. Maria do Rosário. Só poderemos pedir adiamento da
votação.
Em
discussão. O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
estamos diante de um impasse: a tradição da Casa diz que não se votam
determinados projetos, especialmente quando se tem dúvida quanto à sua
aprovação - e eu verifico que não há certeza disso - na ausência do proponente
da matéria, que é, coincidentemente, o Ver. Elói Guimarães.
O
impasse está em que foi tentado o adiamento por uma Sessão, obstado,
regimentalmente, porque a discussão já foi adiada, anteriormente, por cinco
Sessões. Nós estamos diante do risco de votar essa matéria que envolve alguma
polêmica. Existem manifestações de ambos os lados justificando a posição. Nós
estamos diante do que foi dito em outras situações: “Fulano não pediu para ser
homenageado”. A Santa não pediu para ser homenageada, mas estamos diante da
situação, agora. O Ver. Elói Guimarães por muito tempo, habilidosamente,
procurou levar o assunto adiante. Pessoalmente, não tenho a menor dificuldade
de votar a favor, mas verifico que há um bom número de pessoas, de companheiros
aqui da Casa, que têm resistência a este Projeto, que informam que, quando da
Lei Orgânica do Município, se manifestaram contrários a isso. O risco de
não-aprovação é muito grande. Estou alertando, porque não me apaixono nessa
posição. Acho que Nossa Senhora dos Navegantes ser ou não ser declarada pela
Câmara “padroeira de Porto Alegre” é absolutamente despicienda - diria o autor,
o Ver. Elói Guimarães, que gosta dessa expressão - porque, quem gosta de
cultuar Nossa Senhora dos Navegantes, no dia 2 de fevereiro, atira rosas
brancas, vermelhas no rio. Existe, até, um sincretismo em torno dessa santa,
uns dizem que é Nossa Senhora dos Navegantes, outros que é Iemanjá, e assim por
diante. Não sou nenhum idolatra, mas para mim a religiosidade do povo é muito
positiva e se não se entendem os pastores das igrejas não será o rebanho que
irão promover este entendimento que os pastores não conseguem realizar.
Então,
declarada ou não Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira de Porto Alegre, o
fervor por ela não vai se alterar, vai continuar como é até hoje. Sempre que
posso estou presente na procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, lamento
profundamente que ela não se realize pelas nossas águas, não seja aquela
procissão fluvial que durante muito tempo foi uma das características dos
festejos de Navegantes, aqui na nossa Cidade. Posteriormente àquela situação
vivenciada pelo “Bateau Mouche”, no Rio de Janeiro, colocou todo o mundo em
polvorosa e os nossos barquinhos que levavam a imagem da Santa pelo nosso rio
passaram a ser colocados sob suspeição de que não ofereciam segurança. Hoje a
procissão vai a pé pela Av. Castelo Branco, sendo acompanhada por milhares de
fiéis. Na ponte há uma competição para ver se há mais rosas brancas ou
vermelhas, já que cada uma representa uma ponta da religiosidade, que envolve
esse sincretismo total e isso nunca foi declarado pela Câmara de Vereadores
como sendo algo oficial. Agora estamos com uma situação da seguinte ordem,
vamos votar e a decisão vai definir o problema.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo se inscreve e
cede seu tempo ao Ver. Reginaldo Pujol, com a aquiescência dos Vers. Jocelin
Azambuja e Nereu D’Ávila.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço pela bondade do Ver. Cláudio
Sebenelo.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, eu gostaria de lembrar que esta Casa, na
pessoa do seu Presidente, não sei bem se 1987 ou 1988, viajou a Roma,
acompanhando o Bispo de Porto Alegre, em nome do Prefeito da Cidade, para
buscar de lá a imagem da padroeira da Cidade, Nossa Senhora da Madre de Deus.
Portanto, a Câmara, sem que se tenha feito lei, oficializou a posição da Igreja
da Cúria Metropolitana, que a tem como padroeira de Porto Alegre.
O SR. REGINALDO PUJOL: V. Exa. até junta esse argumento para
mostrar o quanto é polêmico esse assunto. Eu, quando Vereador, penso que na
Legislatura que envolveu os anos de 1976 a 1982, fui um dos votos, eu e o
saudoso Vereador José César Mesquita, votamos contra a alteração do feriado,
que era de Nossa Senhora da Conceição, que era dita como a padroeira da cidade
para o “Corpus Christi”. Eu achava que o fundamento que determinava aquela
mudança era comercial por inteiro, era um movimento do comércio com o qual
concordava parte da Igreja Católica, e gerou-se uma situação tal que se
transformou vitoriosa. Agora, o Ver. Elói Guimarães, que, lamentavelmente, não
está conosco nesta hora, pretende que a padroeira de Porto Alegre seja a Nossa
Senhora dos Navegantes. Diz o Ver. João Dib, um homem que cultiva a história da
Cidade, que o assunto já foi dirimido anteriormente e que a padroeira de Porto
Alegre é Nossa Senhora da Madre de Deus. O Ver. Carlos Nedel que é católico
praticante me faz referências, demonstrando que esta afirmação é correta. Nós
estamos diante de um impasse, eu entendo, honestamente, Sr. Presidente, que
quem estabelece a padroeira de um município é, ou os religiosos na sua maioria,
ou a Igreja na sua hierarquia. Misturar o poder temporal com o poder público é
uma coisa superável na vida política do Estado há muito tempo com a separação
da Igreja do Estado.
Eu
diria, Sr. Presidente, V. Exa. que é extremamente sábio, no livro dos livros
está a resposta para essas nossas indagações, quando o Mestre diz: “Dai a César
o que é de César, e a Cristo o que é de Cristo”. Então, não dá para misturar as
coisas. Eu posso até fazer a minha profissão de fé: eu sou um devoto da Nossa
Senhora dos Navegantes, quero vê-la cultuada na minha Cidade, com todas as
homenagens que a religiosidade do meu povo possa querer concedê-la, e sei que
não é pequena. Agora, entre eu determinar, por lei, que ela deve ser escolhida
como padroeira da Cidade, dirimindo na lei uma pendenga na hierarquia da Igreja
é um exagero que me parece que eu não deva cometer. Tento, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, ocupando até em demasia, a atenção dos senhores para buscar uma
equação desse impasse. O ideal seria que não se votasse a matéria na ausência
do autor, do Ver. Elói Guimarães.
Então,
aguardemos o prosseguimento da discussão, e vejamos onde a nossa sabedoria e
experiência parlamentar pode encontrar uma forma de superar esse impasse. Eu
mesmo, nesta Sessão, por cautela, requeri o adiamento da votação de um Projeto
de Lei que, sabidamente, nenhum dos Vereadores da Casa iria votar contra a
concessão do título de cidadania ao líder Arcebispo do Rio Grande do Sul, acima
de qualquer divergência político-partidária. Não posso acreditar que o meu
tempo esgotou-se novamente, mas como V. Exa., Sr. Presidente, me faz um sinal
dizendo que assim ocorreu, eu que não sou o senhor do tempo e nem da razão,
concluo dizendo que apelo para a razão coletiva, de superarmos esse impasse
que, de um lado, marque a quebra de uma tradição, de se votar uma matéria na
ausência do seu autor e, de outro, invade uma área muito perigosa, que é uma
área em que todos nós, democratas deste País, por muito tempo, pugnamos, de
separar a Igreja do Estado, de dar a César o que é de César, e dar a Deus o que
é de Deus, ou a Cristo o que é de Cristo. O impasse está criado, e a
convocação, a sabedoria e a razão estão lançadas, e tenho certeza que esse
lançamento não será em vão e as respostas surgirão em termos de providências
adequadas e efetivas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta solicita Licença para Tratamento
de Saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de licença do Ver. João Motta e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)
O
Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir o PLCL nº 12/97.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse é
daqueles Projetos de Lei que, às vezes, o Vereador não consegue atingir aquilo
que gostaria, e o Ver. Elói Guimarães,
por quem temos muito respeito, não foi muito feliz nesta matéria. Ele, como Presidente da Comissão de Justiça, e
ela – a Comissão – que é tão ciosa nas suas manifestações, e eu vi que todos os
Vereadores aprovaram o Parecer da Comissão de Justiça. Mas essa matéria não nos
compete; quem estabelece a padroeira dos católicos para Porto Alegre, são os católicos.
Isso foi consagrado pela Arquidiocese de Porto Alegre. Foi juntado documento
histórico na página 9A, onde está claro que a padroeira é Nossa Senhora da
Madre de Deus, que foi a eleita pela Igreja como padroeira da Cidade.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Jocelin Azambuja, V. Exa. que reverenciou a Comissão de
Constituição e Justiça e sabe, possivelmente melhor do que eu, que esta
Comissão é técnica, cujo objeto da sua análise é a questão da legalidade e da
constitucionalidade. Quanto a isso, a proposta do Ver. Elói Guimarães não
encontra nenhum óbice. Por isso foi aprovado o Parecer, inclusive com meu voto.
A questão do mérito se refere às outras Comissões técnicas da Casa e, aí sim,
podem ter uma posição divergente quanto à proposição.
Neste
sentido, parece-me que a Comissão de Constituição e Justiça andou bem naquilo
que lhe compete, de acordo com o Regimento.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Entendo o posicionamento de V. Exa., mas
divirjo. Entendo que não é competência nossa, como Vereadores, a instituição de
uma padroeira para a Cidade, para os católicos, como não é poder nosso querer
instituir uma padroeira para os umbandistas, para os kardecistas, para os
metodistas, ou para os evangélicos. Isso não é competência nossa. Parece que há
o equívoco da Comissão de Justiça. Então, cada religião pode estabelecer: eu
sou católico e acho que a nossa padroeira é a eleita pela minha Igreja e estou
feliz com ela. Assim como gosto da Nossa Senhora dos Navegantes. Nós temos que
respeitar a hierarquia dentro da nossa religião e a Arquidiocese de Porto
Alegre há muitos anos já a elegeu. O Ver. Elói Guimarães pensa na Nossa Senhora
dos Navegantes, outro poderia pensar em Santa Rita de Cássia, outro em Nossa
Senhora das Dores. Podem pensar mas não é competência nossa. Por isso eu
entendo que a Comissão de Justiça não deu parecer adequado.
Para
nós, católicos, a padroeira será sempre a apresentada pela Arquidiocese, num
ofício assinado por Monsenhor Rubens Nais, Nossa Senhora da Madre de Deus,
titular e padroeira da Vila e Freguesia de Porto Alegre. Isso é dos primórdios
da Constituição da nossa Cidade. Não há por que se modificar. É importante que
tenhamos consciência desta realidade, no afã de querermos contemplar um momento
da comunidade de manifestação cultural, ou religiosa, pois acabamos nos
inserindo em seara alheia. Para os católicos é a Nossa Senhora da Madre de
Deus, nossa padroeira. O Ver. Elói Guimarães gostaria que fosse Nossa Senhora
dos Navegantes, quem sabe outro Vereador gostaria que fosse Santa Rita de
Cássia, e outro gostaria que outra santa fosse homenageada, mas o que importa é
a indicação da Diocese. É a mesma coisa que, de repente, dizermos que para os
kardecistas não vai ser mais Alan Kardec, ou para Umbanda que não vai ser São
Jorge, vai ser Oxum.
Isso
não compete a nós, assim terei que rejeitar a matéria. O ideal seria que o Ver.
Elói Guimarães tivesse retirado o Projeto e não levado adiante. Votarei contra,
respeitando a vontade da minha Igreja. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra
para discutir o PLCL nº 12/97.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos
discutindo o Projeto em que o Ver. Elói Guimarães institui, oficialmente, como
padroeira de Porto Alegre a Nossa Senhora dos Navegantes. Eu concordo,
integralmente, com a iniciativa do Ver. Elói Guimarães. Os tempos mudaram, as
questões evoluíram e não podemos viver, por exemplo, como na Santa Inquisição
que, em nome de princípios religiosos, queimava, trucidava, enforcava,
principalmente na Espanha. Graças a Deus os tempos mudaram, o Estado hoje não
se confunde com uma só religião, como no Império, como no Brasil colonial em
que tínhamos, oficialmente, apenas uma religião, com todo o respeito que temos
a ela. Não, os tempos mudaram e, penso, evocar argumentos puramente religiosos
não basta, temos que evocar argumentos pródigos em lógica, em realismo, nos
tempos em que estamos vivendo.
Respeito
a opinião que veio nos autos do Processo, trazendo um documento de 1807, em que
a Arquidiocese de Porto Alegre pertencia ao Rio de Janeiro. Tenho maior
respeito pelo documento, só que por nesse documento, Dom Antônio do Desterro,
Bispo do Rio de Janeiro, dizia que: “Para a dita nova Vila e Freguesia de Nossa
Senhora Madre de Deus de Porto Alegre”. Naquela época a Capital era ainda
Viamão, Vila de Porto Alegre do Distrito de Viamão. Então, naquela época, Porto
Alegre ainda pertencia a Viamão. Esse documento outorgou para que a padroeira
de Porto Alegre fosse Nossa Senhora Madre de Deus.
Eu
faria a seguinte indagação: nos dias de hoje, Nossa Senhora Madre de Deus tem
toda a evocação, toda a força popular como padroeira de Porto Alegre?
Eu
vou me abster de responder pela religião “A” ou “B”. Até pode ser que alguém
diga que tem. O senhor é que não sabe. Mas o que me leva a apoiar o Projeto é
saber que a maior festa religiosa de Porto Alegre é a festa da Nossa Senhora
dos Navegantes da Igreja Católica, com procissão saindo da Vigário José Inácio,
indo até a Igreja da Nossa Senhora dos Navegantes, no 4º Distrito, num trajeto
bastante longo. Essa procissão é tradicional. A procissão de barcos ou a festa
da Nossa Senhora dos Navegantes é uma festa eminentemente popular não apenas do
4º Distrito, é toda a Cidade que se envolve com a festa. Eu agregaria ainda
que, pelo sincretismo religioso, Nossa Senhora dos Navegantes é Iemanjá, e
Iemanjá também traz uma força incrível popular hoje nas religiões de cunho
afro-umbandistas. Nossa Senhora dos Navegantes pelo catolicismo e Iemanjá pelos
cultos afro-brasileiros têm um percentual de homenagem, significado e
envolvimento com a Cidade de Porto Alegre, de tal monta, que o dia 2 de
fevereiro é feriado. Não é um feriado qualquer, é um feriado onde a população
se envolve com a sua tradição religiosa.
Encerro
dizendo que, na minha visão - e eu não vou discutir absolutamente o documento
porque ele é oficial e tenho o maior respeito por ele e se fossemos, hoje,
consultar a população; quer a população católica em relação a Nossa Senhora dos
Navegantes, com a sua imensa penetração popular; quer afro-umbandista, que
envolve uma quantidade notável de seguidores também, para Iemanjá. A festa de
Iemanjá está ficando tradicional. Em Tramandaí, em Cidreira, vão milhares de
pessoas assistir à festa, lá. São festas lindas, maravilhosas. E, no fundo, a
mesma Santa, Nossa Senhora dos Navegantes, pelo sincretismo, é Iemanjá. São
milhares de pessoas que fazem o culto à Iemanjá.
Por
isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu acho que esta discussão deveria ter
uma maior discussão popular. Eu estou dando uma opinião que vem da minha
sensibilidade. Outros Vereadores vão dar outras opiniões divergentes, mas eu
creio que nós devemos aprofundar esta matéria, porque não queremos ser apenas
nós os que têm opinião mais abalizada. Devemos aprofundar mais a matéria, quem
sabe ouvindo outros segmentos da população. Se nós estamos com a razão, pelo
menos de minha parte, apoiando o Projeto, ou se os Vereadores são contrários ao
Projeto, se têm razão, para ficar Nossa Senhora Madre de Deus. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir solicita Licença para
Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.:
Foi apregoado o Requerimento de licença do Ver. José Valdir e dada posse à
Suplente, conforme consta na Ata.)
O
Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PLCL nº 12/97.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a minha
opinião é de que isto é um assunto da Igreja Católica. Eu já ouvi
pronunciamentos, na televisão, de Dom Altamiro Rossatto e Dom Antônio Cheuiche,
respectivamente, Arcebispo de Porto Alegre e Arcebispo Auxiliar, referentes a
este assunto, de que, na verdade, o nome de Nossa Senhora deve ser conservado
como Madre de Deus. Nossa Senhora tem muitos nomes. Em Portugal, sábado
retrasado, assisti a uma iniciativa dos portugueses de festejarem em um dia
todas as Nossas Senhoras que são conclamadas aos céus de Portugal. É uma medida
tranqüilizadora. Mas agora nós estamos diante de um fato. Se os portugueses
chegaram à conclusão de que em um dia só devem reunir todas as Nossas Senhoras,
com todos os nomes, os portugueses que são tão católicos e que nos ensinaram a
religião, por que nós vamos criar um conflito entre duas Nossas Senhoras, Madre
de Deus e Nossa Senhora dos Navegantes?
É
importante que se veja que este documento que eu tenho nas mãos e que data de
1773 é elucidativo. Diz que quando fizeram a modificação da Matriz de Nossa
Senhora da Conceição de Viamão para o lugar que chamavam de Porto dos Casais,
no distrito de Viamão, apareceu e se destacou a Nossa Senhora da Madre de Deus.
Por que vamos criar um caso com a Igreja! Isso não é seara nossa. Nós não temos
nada a ver com isso. O documento que tenho nas mãos aponta como padroeira de
Porto Alegre a Nossa Senhora da Madre de Deus. Então, por que vamos escolher,
abruptamente, sem nenhuma razão, a Nossa Senhora dos Navegantes? A Nossa
Senhora dos Navegantes é a mais popular. É uma festa do Rio Grande. Um edital
da Igreja Católica reconheceu como sendo a nossa padroeira a Madre de Deus. Por
que vamos agora entrar em debate com a Igreja Católica por causa de um projeto
do ilustre Vereador Elói Guimarães, a quem tanto prezo?
Penso
que não cabe neste momento apontar ou indicar uma padroeira para Porto Alegre.
Porto Alegre já tem padroeira e não fui eu quem escolheu, não foram V. Exas.,
data de 1773. Ou seja, há duzentos e tantos anos, já tínhamos uma padroeira. Os
Bispos de Porto Alegre estão reclamando que isso é da competência deles. Eu até
fico, de certa maneira, “cheio de dedos”, para enfrentar este problema, porque
penso que é uma coisa que foge da nossa competência. Temos que ter muito
cuidado, porque senão, daqui a pouco, estaremos legislando sobre algo que não nos
compete e vamos cair no ridículo. Sou de opinião de que não devemos “subir
acima dos chinelos”. Já existe uma padroeira de Porto Alegre, é Madre de Deus.
Por que vamos agora sugerir outra padroeira para Porto Alegre, para a própria
Igreja Católica? Ela não aceita, ela deseja a Madre de Deus. A Igreja Católica,
os Bispos de Porto Alegre desejam que seja conservada a Madre de Deus. Por que
vamos sugerir que seja Nossa Senhora dos Navegantes? Quem somos nós? “Não suba
o sapateiro acima do chinelo.” Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cyro Martini para
discutir o PLCL nº 12/97.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
padroeira do Brasil é Nossa Senhora Aparecida, do Rio Grande do Sul é São
Pedro; de Porto Alegre é Nossa Senhora Madre de Deus, de Viamão é Nossa Senhora
da Conceição, de Santo Antônio é Santo Antônio. Cada localidade que tem
história, conta com o seu orago – Santo da invocação - na expressão clássica da
Igreja e do Estado.
Por
que Nossa Senhora Madre de Deus é a padroeira de Porto Alegre? Em 26 de março
de 1772, quando Porto Alegre se constituiu em freguesia, separando-se de
Viamão, Porto Alegre então assumiu a denominação, por ato oficial da Igreja e
do Estado - era uma coisa só -, de São Francisco do Porto dos Casais. Daí
porque 26 de março é a data de Porto Alegre.
Em
18 de janeiro de 1773 Porto Alegre, por ato da Igreja e por ato do Poder
Público, passou a se chamar Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. O
orago que antes era São Francisco passou, a partir de janeiro de 1773, a ser
Nossa Senhora Madre de Deus.
Então
o nome completo de Porto Alegre, originalmente, é Nossa Senhora da Madre de
Deus de Porto Alegre. Assim como Viamão, originalmente o nome é Nossa Senhora
da Conceição de Viamão. Osório, Nossa Senhora Conceição do Arroio.
Quando
Porto Alegre foi elevada à vila, era conhecida como vila, mas oficialmente só
passou a ser vila em 1808, sendo materializada essa condição em 1810, por aí. O
nome de Porto Alegre oficialmente, em ato do Governo, então português, era
Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre Vila.
Porto
Alegre passou a ser apenas Porto Alegre em 1922, por ato de D. Pedro I, que
eliminou a parte relativa à Igreja e deixou apenas a denominação popular.
Esta
é a história com relação à Nossa Senhora da Madre de Deus. O que nos deixa um
pouco desconfortável é que Nossa Senhora da Madre de Deus, Nossa Senhora dos
Navegantes e Nossa Senhora da Conceição são todas a mesma pessoa, a Virgem
Maria, Mãe de Cristo, esposa de José. Por que nós vamos agora criar um
conflito, gerar uma briga absolutamente desnecessária? Se fosse pela
precedência, muitos outros santos estariam, digamos assim, historicamente
mais habilitados do que Nossa Senhora
dos Navegantes. A partir dessa exposição histórica, a decisão tem que ser uma
só, não é votar contra, ou rejeitar, ou rechaçar Nossa Senhora dos Navegantes,
em absoluto, pois ela é e vai continuar sendo a padroeira da maior festa de
Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul, mas devemos respeitar a
história. Eu tenho ouvido nesta Casa - sempre - que há uma tendência, uma
afirmação da história da Cidade, então que a respeitemos assegurando a condição
de padroeira de Porto Alegre à Nossa Senhora Madre de Deus, ou seja, a Mãe de Deus.
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está se
inscrevendo e cede o seu tempo a V. Exa. com a concordância dos Vereadores
Lauro Hagemann, Antonio Hohlfeldt e João Carlos Nedel. O Ver. Cyro Martini está
com a palavra por mais cinco minutos para discutir a matéria.
O SR. CYRO MARTINI: Agradeço à Vereadora que me cedeu o seu
tempo. Na verdade, as colocações que desejava fazer, eu já as tinha resumido de
modo a atender aos cinco minutos prescritos para cada Vereador. Mas há, ainda,
sob o ponto de vista jurídico, uma colocação que me parece deveras relevante.
Se no período do império, no período das capitanias – Brasil-Colônia – o Estado
e a Igreja eram uma única pessoa, uma decisão da Igreja era uma decisão do
Estado e, uma decisão do Estado era uma decisão da Igreja, hoje, não. A partir
de 15 de novembro de 1889 há uma perfeita separação. Inicialmente, não tão
perfeita, mas, hoje, perfeita. Então, me parece que a hipótese levantada de que
nós não teríamos poder legal para legislar, propor lei a respeito da matéria,
é, extremamente, relevante. Relevante porque encontra respaldo jurídico.
É
uma decisão, que me parece da Igreja, das autoridades hierárquicas e daqueles
que constituem, justamente, a Assembléia, a Igreja Católica, mais
especificamente. A esses, parece-me incumbir a decisão a respeito do horário da
padroeira, ou do padroeiro e não a nós. A nós cabem as questões públicas, de
ordem material eu não diria, porque, evidentemente, nós pisamos em terrenos que
não são apenas coisas ou matérias, mas não de natureza espiritual. Essa de
natureza espiritual, de natureza religiosa, deve ser dada a quem de direito,
que é, sem dúvida, a Igreja. Parece-me, extremamente, relevante essa colocação.
De outra parte, eu entendo, também, que se mudou de São Francisco para Madre de
Deus, pode-se propor alguma mudança nesse sentido. Entretanto eu entendo que se
deva ouvir a população porto-alegrense a respeito.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ilustre Vereador quero alertá-lo que este documento que tenho aqui,
que é da Mitra, da Arquidiocese de Porto Alegre, datado de 18 de janeiro de
1773, diz claramente que houve um momento em que se fez a transmutação de
Viamão para Porto Alegre e ...
O SR. CYRO MARTINI: Dia 26 de março de 1772, é a data de
Porto Alegre, quando as freguesias foram separadas.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. está muito versado em datas. Que
ora fica sendo Vila de Porto Alegre para adotar a de Nossa Senhora Madre de
Deus, cuja imagem mandamos colocar no altar-mor da Igreja da Matriz da dita
nova Vila e freguesia. Então, aqui há uma sentença, praticamente. Esse
documento é uma sentença, entre aspas. Há duzentos anos que mandam colocar a
Nossa Senhora Madre de Deus, quer dizer, cessa qualquer discussão. Nós temos
que nos conter como Vereadores. Não podemos legislar sobre o que não nos
compete. Acho que é uma seara muito escorregadia. Isto é da Igreja.
O SR. CYRO MARTINI: Seria a mesma coisa que nós querermos
dizer ao Internacional ou ao Grêmio qual deva ser o seu patrono.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Cyro Martini, o Ver. Pedro Ruas se
inscreve e cede o seu tempo a V. Exa., com a anuência dos Vereadores Lauro
Hagemann, Antonio Hohlfeldt, João Carlos Nedel.
O SR. CYRO MARTINI: Eu fico muito grato e muito entusiasmado,
porque eu apenas queria prestar a minha colaboração modesta, como já tive
oportunidade, quando o Projeto foi apresentado de encaminhar anotações que
extraí de historiadores como Valter Espaldi, Coruja Filho, Dr. Sebastião Leão e
de outros historiadores, que já em grande número, tanto ao longo do passado de
Porto Alegre como em tempo atuais.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Cyro Martini, ouço com atenção o pronunciamento de V. Exa., me
parece que traça uma linha histórica da maior importância, até para compreensão
exata do que significam os nossos símbolos e as opções que ao longo da história
a população de Porto Alegre realizou. Eu aproveito e coloco neste breve aparte,
no pronunciamento de V. Exa., é que na mesma linha consagrada já no texto
Constitucional, nós temos que ter obviamente o maior respeito e a maior
consideração por todo tipo de culto religioso, que, aliás, eu repito, é
consagrado pela Constituição Federal, e acho que é salutar esse debate. Acho que
o Projeto do Ver. Elói Guimarães tem no mínimo esse mérito, trazer para dentro
da Câmara um debate que na verdade interessa a toda população de Porto Alegre.
E nós como representantes dessa mesma população temos até obrigação de discutir
tema como este, até porque a sociedade naturalmente, nós já percebemos isso, se
mobiliza também em torno de discussões como essa que está ocorrendo nesse
momento. Eu queria, então, além das demais colocações que foram feitas por
vários Vereadores, principalmente por V. Exa., incluir mais esta. Acho que era
um debate que também estava faltando, e não foi salientado que o mérito maior,
pelo menos no início desse debate, do Ver. Elói Guimarães, foi ter justamente
proporcionado a nós, portanto à Cidade, a chance de estabelecer esse tipo de
debate, esse tipo de aprimoramento de idéias. Obrigado Vereador.
O SR. CYRO MARTINI: Eu é que agradeço o seu aparte. Com
relação ao mérito da intenção do Ver. Elói Guimarães, ao apresentar esta
proposta, nós não podemos discutir, o mérito é indubitável. O que há é uma
confrontação, para usar essa expressão que me vem agora, entre o que já ficou
acertado, assentado no passado, declarando Nossa Senhora da Madre de Deus como
padroeira de Porto Alegre, e a proposta do Ver. Elói que está alicerçada numa
devoção popular que se alarga, não só pela Igreja Católica e pelos seus fiéis,
mas se estende também para cultos religiosos de outras religiões, de outras
posições espirituais. Tudo isso é plenamente respeitável, mas eu insisto sempre
com relação aquela posição preliminar. Não há por que alterarmos a Padroeira de
Porto Alegre, até porque - insisto - a Nossa Senhora é a mesma pessoa, é Nossa
Senhora da Madre de Deus caracteriza muito melhor as outras condições da Nossa
Senhora. São situações, circunstâncias que as definem como Nossas Senhoras de
modo singular, como Nossa Senhora dos Navegantes, ligada às águas, Nossa
Senhora da Madre de Deus, à condição de Maria, mãe de Jesus Cristo, Nossa
Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida, são todas a mesma pessoa.
Respeitemos, então, a tradição da nossa Cidade.
Com
relação à história da Cidade uma das obrigações nossas, no momento, é
justamente defender esta posição, para que não venhamos a praticar uma lesão
contra o passado da nossa Cidade. Porto Alegre já sofreu muitas lesões na sua
história, muitos atentados contra a sua história, não só no que diz respeito ao
nome de suas ruas e logradouros, como também em relação a outros bens,
patrimônios, outras situações que deveriam ser preservadas como valores, como
algo de importância para a nossa Cidade.
Fico
grato pela atenção e espero que continuemos com a Nossa Senhora da Madre de
Deus como nossa padroeira, e que encontremos uma solução para acolher não só a
posição do Ver. Elói Guimarães, que é a posição de larga faixa da população de
Porto Alegre, com relação a Nossa Senhora dos Navegantes. O que não podemos
fazer é trazer novamente este conflito, como já ocorreu no tempo em que ela foi
transferida do Menino Deus para os Navegantes. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Para discutir o PLCL nº 12/97 tem a
palavra o Ver. Lauro Hagemann por cinco minutos.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, depois
de o Ver. Cyro Martini ter exaurido o tema, em termos de história de Porto
Alegre, fica difícil de a gente pronunciar alguma coisa. Mas, na minha condição
de materialista, devo dizer alguma coisa sobre este Projeto do Ver. Elói
Guimarães.
Tenho
a impressão de que o nobre companheiro, colega, vizinho de bairro laborou num
equívoco, embora tenha todo o direito de provocar esta discussão. Já foi
exaustivamente dito, aqui, que isso é matéria para um outro círculo de poder
que é o poder espiritual, o poder da igreja e que é fora do nosso alcance.
E,
principalmente, este Vereador que não domina muito bem essa questão hierárquica
da Igreja, a história da figura de Maria que tem várias denominações, embora
seja a mesma pessoa. Acho que nós estamos provocando uma disputa desnecessária
em torno de Marias, com todo respeito que me merece a consideração desse tema.
Então
nada impede que esta Casa não dê guarida ao Projeto do Ver. Elói Guimarães,
porque ficou bem claro, até através da manifestação da Cúria, que a padroeira
de Porto Alegre está assentada na figura da Madre de Deus há duas centenas de
anos. E se trocarmos a padroeira agora, no meio do caminho, não é uma coisa
muito agradável e vai provocar controvérsias, ao passo que a Nossa Senhora dos
Navegantes é uma figura exaltada em Porto Alegre e tem até uma data específica,
dia 2 de fevereiro. O dia de Nossa Senhora dos Navegantes a maior festa fluvial
do País, que agora deixou de ser fluvial para ser terrestre, mas acreditamos
que volte a ser fluvial, porque é uma característica da Festa dos Navegantes
ser uma festa aquática, e o Guaíba é o cenário ideal para emoldurar esta festa
aquática, que, por longos anos, nós praticamos em Porto Alegre no dia 2 de
fevereiro.
Eu
quero dizer, claramente, que sou contrário ao Projeto do Ver. Elói Guimarães e
acho que a Casa teria o direito de rejeitar o Projeto em nome do fato de a
padroeira da cidade já estar instituída há 200 anos entre nós e de a Festa dos
Navegantes ter o caráter que tem, de outra festa religiosa. Não vamos conflitar
a Senhora dos Navegantes com a Senhora Madre de Deus. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para discutir está com a palavra o
Vereador Antonio Hohlfeldt, que cede seu tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo, que
está com a palavra para discuti o PLCL nº 12/97.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
agradeço ao Ver. Antonio Hohlfeldt a cedência do seu tempo. Quero dizer que a
história, já lá em Henrique VIII, mostra uma convivência não muito pacífica
entre o governo do Estado Imperial que era a Inglaterra com a religião Católica
e os papas da época: brigas, cismas e dificuldades existentes nas relações
diplomáticas existentes entre aqueles dois Estados.
A
antropologia nos mostra que, no Brasil, há um profundo sincretismo religioso,
observado, principalmente, no escravismo brasileiro; mostra, também, que etnias
totalmente diferentes tinham os mesmos deuses, os mesmos santos. Por isso, não
é de se estranhar que Iemanjá e Nossa Senhora sejam a mesma pessoa. Mas se é
igual para que mudar?
Por
outro lado, não se estabelece, com isso, uma polêmica entre a Igreja Católica e
os cultos afro-umbandistas. Não se trata disso!
Nossa
Senhora Madre de Deus, até pelo fraseado, é, indiscutivelmente, um nome muito
antigo, com mais de duzentos anos, e a catedral de Porto Alegre se chama
Catedral de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. É indiscutível que a
padroeira de Porto Alegre é a Madre de Deus.
Por
outro lado, essa grafia tem origem portuguesa, especialmente açoriana, como é a
de Viamão, como é a de Porto Alegre. Só que, naquela época, não existia Câmara
Municipal.
É
muito importante a salvaguarda desse tipo de regionalismo que caracteriza as
nossas raízes, que caracteriza a nossa cultura. Os documentos católicos eram de
extrema importância, a ponto de esta proximidade entre as religiões,
especialmente a religião católica e o poder, incluírem certidões de batismo que
passavam a valer como documento civil. O documento civil da madrinha, da
padroeira de Porto Alegre, por que não aceitá-lo como documento religioso e
civil. Se faz tanto tempo, por que não conservar as nossas raízes culturais,
religiosas, dar a Nossa Senhora dos Navegantes outras honrarias que não alterem
essas raízes, que não altere o nosso passado, que não altere as relações
antigas, que não agridam, por inoportuno e inadequado, o acervo histórico e
cultural deles decorrente? Inclusive o nosso nome, nossa Padroeira, que
caracterizaram um certo regionalismo, uma característica de nossa Cidade, na
minha opinião, inalienável, imperdível.
Não
há uma contrariedade entre poderes, muito ao contrário, a Câmara seria o foro
legítimo dessa discussão, não venho nenhuma ofensa e nenhuma alteração ao
documento religioso, já que naquela época a Câmara não existia, e prevalecia o
documento religioso. E isto é fundamental.
O Sr. Cyro Martini: V. Exa permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Com relação à Câmara, no ano de 1773, foi quando a Câmara se
transferiu de Viamão de Porto Alegre, em 6 de setembro de 1773.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Parece que o que tem que ser estabelecido
é que a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes tem que ser mantida, tem que ser
aquática, como disse o Ver. Lauro Hagemann. Por que não? É uma característica
maravilhosa, local, principalmente pitoresca, aproveitando esta magnífica
geografia de Porto Alegre. Pois, os navegantes só navegam na água, na terra é
Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para discutir o PLCL nº 12/97.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
inicialmente eu gostaria de cumprimentar o grande historiador, Cyro Martini, e
também o grande pesquisador, Cláudio Sebenelo. Parabéns a ambos, pois Porto
Alegre se engrandece com suas presenças aqui na Câmara.
Eu
não entendo a intenção do Ver. Elói Guimarães que quer mudar a padroeira de
Porto Alegre. A padroeira se confunde com a criação da Vila de Porto
Alegre que, em 18 de janeiro de 1773,
desmembrava a Freguesia de São Francisco do Distrito de Viamão e criava a nova
Vila e Freguesia de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, ou seja, o
nome Porto Alegre provém do nome de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto
Alegre.
O
ilustre Ver. João Dib lembrava, há pouco, que em 1988, o ilustre Prefeito Alceu
de Deus Collares escrevia a esta Casa, dizendo: “Tendo em vista o falecimento
do Vice-Prefeito de Porto Alegre, Jornalista Glênio Peres, e a impossibilidade
de o Presidente da Câmara substituir-me no cargo, como determina a Lei, sob
pena de ficar incompatibilizado para a eleição, não poderei viajar a Roma,
Itália, acompanhando o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Cláudio Kolling, para
trazer a imagem de Nossa Senhora Madre de Deus, doada pelo Vaticano, em Roma”.
Essa
imagem foi trazida pelo Ver. Brochado da Rocha em nome de Porto Alegre,
representando a comunidade de Porto Alegre e representando o Prefeito Alceu
Collares. Portanto, Porto Alegre tem há duzentos e vinte e cinco anos uma
padroeira. Confunde-se com o nome e com a história de Porto Alegre. Mudar agora?
Não entendo. Oficializar, tornar oficial uma coisa, um assunto que não é,
porque oficial é Nossa Senhora Mãe de Deus e o Vereador quer oficializar outro
nome: Nossa Senhora dos Navegantes.
Dizia
muito bem o Pesquisador Cláudio Sebenelo, que nossa Capital tem a Catedral, a
magnífica Catedral de Porto Alegre com o nome Nossa Senhora Mãe de Deus. A
paróquia da Catedral chama-se Nossa Senhora Mãe de Deus. E o santuário que está
sendo construído no Morro da Glória e que vai incentivar muito o nosso turismo tão
bem defendido pelo Ver. Adeli Sell, está em fase de conclusão. E tem também o
Hospital Mãe de Deus também homenageando a padroeira, pode-se dizer a padroeira
da saúde em Porto Alegre.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, está claro, está oficial há duzentos e vinte anos
a nossa padroeira, Nossa Senhora Mãe de Deus. Portanto o Projeto,
tranqüilamente, deve ser rejeitado por esta Câmara de Vereadores. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento, de autoria do
Ver. Elói Guimarães, solicitando o adiamento da votação do PLCL nº 012/97 por
uma Sessão.
Em
votação nominal por solicitação do Ver. Juarez Pinheiro.(Após a chamada.) Esta
Presidência esclarece que houve 05 votos favoráveis ao adiamento da votação e
05 votos contrários, com mais o quórum deste 1º Secretário que, por ora, ocupa
esta Presidência, nós temos onze Vereadores declaramos nula a votação e, não
tendo quórum para deliberação, estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 17h10min.)
* * * * *